A
disciplina de Literatura Portuguesa: leituras de portefólios
Os
alunos não leem!
Como
assim?!
Os
alunos de Literatura Portuguesa da turma de 10º ano de Humanidades leram, no
ano letivo de 2014 – 2015, 82 obras de
narrativa e teatro; os alunos de duas turmas do 11º ano de Humanidades
leram 136 livros de narrativa e teatro;
todos eles leram, ao todo, largas dezenas de poemas de, pelo menos, 24 poetas portugueses.
O Projeto Individual de
Leitura (PIL) da disciplina de opção do ensino secundário – Literatura Portuguesa – é,
incontestavelmente, um dos meios mais eficazes de desenvolvimento da prática da
leitura. Quaisquer ações pontuais sobre leituras, apresentações orais sobre
livros ou clubes de leitura ficam muito aquém da capacidade que este projeto
tem de dinamização de leituras entre alunos.
A que se deve tal sucesso? – interrogamo-nos.
A eficácia do PIL resulta,
sobretudo, da disponibilização de dois tempos letivos semanais exclusivamente para
uma prática efetiva de leitura, com um conjunto mínimo de leituras
obrigatórias, de diferentes tipologias de texto, e com a obrigatoriedade de dar
reflexo dessas leituras através de um portefólio que tem peso significativo na
avaliação.
O que constatamos, de facto, é
que, se forem criadas condições propiciadoras de leitura, o aluno poderá ler.
Aquele que não possui hábitos de leitura rapidamente toma consciência que o
sucesso na disciplina depende, em grande parte, das leituras que efetuar, por
outro lado, um aluno-leitor verá aqui uma boa oportunidade para desenvolver o
seu grau de literacia e conseguir um bom aproveitamento na disciplina.
A evolução por dentro do
Projeto Individual de Leitura é outro aspeto muito positivo a realçar.
Devidamente aconselhado, o aluno começa com leituras fáceis e o próprio decurso
do projeto cria nele um grau de exigência que o impele a escolher obras mais
complexas, a aprofundar o conhecimento de um autor, a pôr-se à prova numa
escolha mais arrojada quanto à complexidade da escrita e extensão do texto.
A evolução, curiosamente,
também se faz naturalmente no interior do grupo-turma, visto que os alunos
frequentemente se contagiam nas leituras e até na vontade de ler.
Por tudo isto, preocupa-nos, a
nós professores que lecionamos Literatura Portuguesa, o futuro desta disciplina
tão enriquecedora, agora que o novo programa de Português do ensino secundário
contempla grande parte dos mesmos conteúdos.
Seria uma pena “esvaziar” ou
suprimir uma disciplina que, mais do que conteúdos, desenvolve nos alunos uma
formação cultural sem par, faz refletir e expandir saberes, promovendo, no seu
todo, “grandes e pequenos” autores do património literário português.
Teresa Rodrigues
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