As atividades realizadas incluíram
a produção de textos, a leitura, o destaque de algumas obras e a exposição de fontes
arquivísticas, fotografias, bibliografia e os textos elaborados pelos alunos de
10.º H1 e H2, sob a orientação da professora Teresa Rodrigues.
São esses trabalhos que agora partilhamos com os
nossos leitores.
Variações sobre sonetos de Florbela
EU
Eu
sou a que no mundo anda perdida,
Eu
sou a que na vida não tem norte,
Sou
a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a
dolorida...
Florbela Espanca
____*____
Eu
sou a que não sabe o que diz
Eu
sou a que não sabe o que faz
Sou
a irmã do mar que se desfaz
Sou a crucificada sem juiz…
Mariad
Se
tu viesses ver-me
Se
tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A
essa hora dos mágicos cansaços,
Quando
a noite de manso se avizinha,
E me
prendesses toda nos teus braços...
Quando
me lembra: esse sabor que tinha
A
tua boca... o eco dos teus passos...
O
teu riso de fonte... os teus abraços...
Os
teus beijos... a tua mão na minha...
Se
tu viesses quando, linda e louca,
Traça
as linhas dulcíssimas dum beijo
E é
de seda vermelha e canta e ri
E é
como um cravo ao sol a minha boca...
Quando
os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem
para ti...
Florbela Espanca
____*____
Conseguires ver-me
Que
tal conseguires ver-me hoje à tardinha!
Eu
tão cheia de mágicos cansaços
Já
a noite de manso se avizinha
Queria
sentir-me toda nos teus braços…
Tudo
me lembra esse sabor que tinha
Ouvir
de longe o eco dos teus passos…
Beber
da tua fonte os teus abraços…
Conseguir
ter a tua mão na minha…
Ser
vista por ti quando linda e louca
Em
imagens dulcíssimas dum beijo
É
risonha e vermelha e canta e ri
Faz-me
sentir ao sol a minha boca …
E
os dentes se me cerram de desejo…
E
os lábios se estendem para ti…
____*____
Pela
noite que de manso se avizinha
Vem
lá ver-me hoje à tardinha
Pela
hora dos mágicos cansaços
E
eu derreto-me toda nos teus braços!
Lembra-me
bem esse sabor que tinha
Sentir
tão perto o eco dos teus passos
Na
fonte eram fortes os teus abraços
E
o aquecer da tua mão na minha…
Se
tu viesses cedo me encontrar,
A
essa hora eu já sorriria
E quando
a lua à noite fosse chegar
E me
prendesses, eu não fugiria...
Quando me quisesses vir visitar
A tua boca então eu beijaria
O teu riso de fazer delirar
Os teus beijos... era o que eu queria!
Amar-al
Mistério
Gosto
de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo
coisas que ninguém entende!
Da
tua cantilena se desprende
Um
sonho de magia e de pecados.
Dos
teus pálidos dedos delicados
Uma
alada canção palpita e ascende,
Frases
que a nossa boca não aprende
Murmúrios
por caminhos desolados.
Pelo
meu rosto branco, sempre frio,
Fazes
passar o lúgubre arrepio
Das
sensações estranhas, dolorosas...
____*____
Gosto de ti, ó flor do meu jardim
Dizendo
coisas boas ao ouvido
Da tua
cantilena vem sentido
Um
sonho de maravilhas sem fim.
Dos
teus pálidos lábios algo diz
Uma
alada canção no meu ouvido
Frases
que guardo como sonho ido
Murmúrios
por aquilo que não quis.
____*____
Havia
uma tal chuva, nos beirados,
Tanta
chuva que ninguém entende!
Da
antiga memória se desprende
Algo
feito de magia e de pecados.
Com
os teus frágeis dedos delicados
Um
toque que palpita e que ascende…
Como
muda, nossa boca não aprende
E
anda por caminhos desolados…
Por um
caminho branco, sempre frio,
Faz-me
sentir um lúgubre arrepio
Falsas
lembranças, estranhas, dolorosas...
____*____
Fanatismo
Minha
alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus
olhos andam cegos de te ver.
Não
és sequer razão do meu viver
Pois
que tu és já toda a minha vida!
Não
vejo nada assim enlouquecida...
Passo
no mundo, meu Amor, a ler
No
misterioso livro do teu ser
A
mesma história tantas vezes lida!...
"Tudo
no mundo é frágil, tudo passa...
Quando
me dizem isto, toda a graça
Duma
boca divina fala em mim!
E,
olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah!
podem voar mundos, morrer astros,
Que
tu és como Deus: princípio e fim!..."
____*____
Os
meus olhos andam cegos de te ver.
Sempre
foste a razão do meu viver
Aqui
entrego já toda a minha vida!
Ela
deixa-me assim enlouquecida...
Quero
dar-te, meu Amor, a ler
O
incomparável livro do teu ser
Mostrar
que foste tantas vezes lida!...
Sei
como és fina e frágil, tudo passa...
E
tantos dizem isto, toda a graça
Em
ti quase divina fala em mim!
Vivo
em ti, vivo vencido e de rastros:
Vendo
morrer mundos, morrer astros,
Que já só peço a Deus: princípio e fim!..
Big Filipe
____*____
Minha alma é de dolor e de paixão
Meus
olhos já só veem tua loucura
Não
és sequer a minha amargura
Pois
que tu és cruel e perdição!
Não
vejo nada nesta escuridão
Passo
no mundo pela estrada obscura
No
misterioso som dessa procura
A
mesma história se repete em vão…
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